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domingo, 6 de novembro de 2011

Sobre a Prática de Virtude:



Praticar ações úteis ao próximo e ao mundo torna-se virtude. Somar virtude significa praticar inúmeras vezes essas ações. (...)

Somando virtude, grande número de pessoas sente gratidão pelo seu benfeitor. Essa Luz da gratidão, tornando-se um nutriente, fortalece-lhe o espírito. (...) O espírito se fortalecendo, a sua Luz aumenta, e, consequentemente, ele sobe de nível nas camadas do Mundo Espiritual; a felicidade e as boas coisas também aumentam.

Quanto à virtude oculta, é a prática de boas ações sem o conhecimento de outras pessoas. Geralmente, nos recintos dos santuários existem placas onde se coloca o valor das contribuições. Aquilo é do conhecimento de todos; portanto, é virtude ostensiva. Quando o fato é do conhecimento das pessoas, o benfeitor já estará recebendo a recompensa merecida, mas quando não é, Deus é quem concede a recompensa. Assim, tratando-se de virtude, a oculta é bem melhor. No entanto, o homem não se sente satisfeito se não aparecer...

Devemos praticar boas ações fazendo o possível para que elas não sejam do conhecimento das outras pessoas. Se procedermos assim, Deus nos devolverá o bem multiplicado várias vezes. A soma de virtude oculta é algo surpreendente. As pessoas da atualidade não estão cientes disso, e por esse motivo só praticam virtude ostensiva.


Meishu-Sama em 30 de julho de 1949
Fonte: O pão nosso de cada dia - pag. 324


Praticar ações úteis ao próximo e ao mundo torna-se virtude. Somar virtude significa praticar inúmeras vezes essas ações. (...)

Somando virtude, grande número de pessoas sente gratidão pelo seu benfeitor. Essa Luz da gratidão, tornando-se um nutriente, fortalece-lhe o espírito. (...) O espírito se fortalecendo, a sua Luz aumenta, e, consequentemente, ele sobe de nível nas camadas do Mundo Espiritual; a felicidade e as boas coisas também aumentam.

Quanto à virtude oculta, é a prática de boas ações sem o conhecimento de outras pessoas. Geralmente, nos recintos dos santuários existem placas onde se coloca o valor das contribuições. Aquilo é do conhecimento de todos; portanto, é virtude ostensiva. Quando o fato é do conhecimento das pessoas, o benfeitor já estará recebendo a recompensa merecida, mas quando não é, Deus é quem concede a recompensa. Assim, tratando-se de virtude, a oculta é bem melhor. No entanto, o homem não se sente satisfeito se não aparecer...

Devemos praticar boas ações fazendo o possível para que elas não sejam do conhecimento das outras pessoas. Se procedermos assim, Deus nos devolverá o bem multiplicado várias vezes. A soma de virtude oculta é algo surpreendente. As pessoas da atualidade não estão cientes disso, e por esse motivo só praticam virtude ostensiva.


Meishu-Sama em 30 de julho de 1949
Fonte: O pão nosso de cada dia - pag. 324

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"O Eterno Provisório"




1. INTRODUÇÃO:


"Tudo me é massa, eu sou massa em mim mesmo, meu devir é minha própria matéria, minha própria matéria é ação e paixão, sou verdadeiramente uma massa primordial."

"A massa perfeita é então o elemento material primordial do materialismo (...), de um barro primitivo, apto para receber e para conservar a forma de qualquer coisa. (...) este é o destino de todas as imagens fundamentais."

(A Terra e os devaneios da vontade, p.64-65).




"Para não ser apenas mundo, é preciso que o homem dê forma à matéria; para não ser apenas forma, é preciso que dê realidade à disposição que traz em si."

(Schiller, in: A angústia da concisão, de Abrahão Costa Andrade, p.115).



De fato, traduzir uma idéia ou o que se espera de um ideal, sempre foi (em todos os tempos) busca incessante do elemento humano sobre a Terra; Terra esta, em que de uma maneira bastante significativa, é representada neste relatório.
A terra e a sua transformação (ou formação) a partir de um ideal... A argila como suporte de uma idéia...

Por tarefa ideal deve-se compreender o esforço de todo homem em realizar em toda sua completude aquilo a que ele se destina: satisfazer em si tanto as exigências da razão quanto as da sensibilidade.
O desafio de se traduzir uma idéia através do barro, neste momento da minha existência, veio permeado (não por acaso) do pensamento Schilleriano, que interpreta este impulso da criatividade (que alimenta o saber fazer), como vital. O elemento primordial do impulso sensível seria a vida, já o segundo impulso seria a forma... E a Beleza seria ela mesma a forma viva.

O barro é terra viva, por isso também, é Belo per si. Tratá-lo, purificá-lo, aprimorá-lo, talvez fossem termos mais adequados para caracterizar a tentativa de traduzi-lo em forma, condicioná-lo a uma idéia. Idéia esta, furtada de um outro suporte de idéias (um espetáculo de teatro) que por sua vez furtou-a de um suporte anterior, a música...
E assim viajam as idéias; se propagam através das pessoas, que se propagam através das idéias. E assim viajam as pessoas; se propagam através das idéias que se propagam através das pessoas...

O eterno provisório, que é o nome-idéia desta obra, utiliza-se de uma outra: O som da pessoa, reunindo idéia e pessoa (razão e sensibilidade), traduzidos num só suporte (a massa), numa tentativa coincidente da realização da proposta do pensamento utópico-revolucionário de Schiller: harmonizar os pólos nascidos da cisão provocada pela filosofia crítica (culminando na contemporaneidade); razão e sensibilidade.


2. OBJETIVOS:


2.1 TÉCNICOS:


° Aprendizado do processo de como se obtém a massa (limpeza e preparação) para modelagem e cocção de um artefato de argila (barro).


° Experimentação de mistura da massa preparada com materiais orgânicos e/ou minerais.


° Observação dos resultados plásticos (cor, maleabilidade, textura, peso e resistência) da massa obtida a partir das misturas praticadas e a sua utilização para a confecção da peças idealizadas.


° Desenvolvimento e aprimoramento técnico na modelagem e confecção das peças em quatro técnicas distintas: modelagem livre, rolinho, molde e placa.




2.2 ARTÍSTICOS


° Estimular a capacidade criativa para desenvolver os objetos e suas formas, aplicando as técnicas supracitadas em suas confecções, podendo os mesmos formar uma mesma composição (temática) ou não.


°Aumentar a percepção sobre a argila e suas qualidades semânticas, a consciência e o valor da cerâmica, enquanto atividade artística e cultural.


°Neste caso em particular, desenvolver a cerâmica nestas técnicas, enquanto suporte de uma idéia.



3. DESENVOLVIMENTO:



3.1 PREPARAÇÃO DA ARGILA:


Recebemos um fardo de 20 kg de argila vermelha (rica em óxido de ferro e por isso a coloração avermelhada após a cozedura e o baixo ponto de fusão: 900° C), e começamos inicialmente com a "limpeza", para retirar possíveis substâncias orgânicas ou não, para uma melhor homogeneidade na textura e composição da massa básica (cerca de três dias de duração).

Inicialmente com a ajuda de um fio de nylon, cortamos em fatias finíssimas e horizontais, a peça de argila. Em seguida repousamos estas fatias em placas de madeirite para a secagem, expondo ou não ao sol (cerca de quinze dias de duração).
Depois de secas ao ponto de quebrarem, moemos esta argila com as mãos ou com a ajuda de qualquer objeto que pudéssemos bater sobre a argila seca e moê-la (cerca de três dias de duração).
Após a argila em minúsculos pedaços, dividimos a mistura em 4 partes proporcionais e separadamente, hidratamos novamente a moagem com água, dissolvendo-a até virar uma barbotina (mistura de argila mais espessa que a lama) em um balde de 8L.
Em seguida peneiramos a mistura para separação de partículas indesejáveis (pedrinhas, farpas de madeira e resquícios de manguezal) e deixamos o conteúdo repousando no balde até a completa decantação (cerca de um dia).




3.2. PREPARAÇÃO DAS MASSAS:


Após a retirada do excesso d'água da mistura, e obtendo a barbotina para a preparar a massa básica (argila pura), deixei uma desta forma e misturei em outras três partes diferente, as outras matérias para experimentação:

° Pó de café coado e seco (30%) e argila (70%)

° Pó de serra pedaços irregulares (20%), argila (70%) e chamote (10%)

° Papel higiênico dissolvido em água (20%), argila (70%) e carbonato de cálcio (10%)

° Além de um pouco de argila cinza (com menor percentual de óxido de ferro, para obtenção de uma cor mais esbranquiçada após a queima), para a confecção de alguns itens que proporcionassem contraste entre as cores das cerâmicas após o cozimento.

° Separei algumas fatias do fardo da argila antes da secagem do início do processo, para deixá-las in natura, com o intuito de não destruir as nuances de tonalidades naturais do próprio barro, que se perdem por causa da limpeza. E para compor a obra desta forma.

Em seguida, distribuímos cada uma destas misturas sobre uma base de gesso, para que o restante da água fosse absorvido, restando apenas a mistura ao ponto de massa, de fácil modelagem, sem grudar ou deixar excessos nas mãos (dura cerca de um dia, a depender do volume da massa e do clima).

Retiradas das bases de gesso, cada massa é amassada e sovada, para uma melhor homogeneização, e retirada de possíveis bolhas de ar (desaconselháveis, pois estouram a peça quando vai ao forno). Envolvêmo-las em sacos plásticos a fim de retardar a secagem e conservar a sua plasticidade por mais tempo.


3.3 CONFECÇÃO DAS PEÇAS:


A escolha dos materiais para preparar cada massa teve o pressuposto da idéia de desenvolver objetos, que traduzidos para uma forma próxima ao natural (realista/ naturalista) pudessem também representar e serem compostos daquilo que, enquanto função, se lhe assemelham. Ex: xícara e pires de café, confeccionados com a massa com café.


3.3.1 OBJETOS COM MOLDE:


MÃO:
Inicialmente fizemos uma forma da minha própria mão (esquerda), em gesso, para depois de pronta, receber a argila cinza (cerca de 3 mm de espessura), após o seu endurecimento atingir o ponto de couro, esta foi retirada e reconstituída com auxilio de um palito de madeira.( cerca de 2 semanas).







PIRES:
moldado em um pires de vidro envolvido em plástico filme, utilizei a massa com café (4 mm de espessura), após a secagem, foi retirado e polido (cerca de 2 dias).





3.3.2 OBJETOS EM MODELAGEM LIVRE:


MAÇÃS:
Confeccionei 2 maçãs, uma com a massa c/ pó de serra e outra com a massa c/ pó de café. Após confeccionadas, foram divididas em banda (corte na vertical) com a ajuda do fio de nylon, ocadas com a ajuda de esteco e coladas novamente "riscando" a superfície das metades reunidas com uma agulha, em seguida aplicada a barbotina das mesmas massas de origem por toda a extensão do corte na peça, alisadas até obetrem a textura uniforme de origem. A maçã com pó de serra foi polida com pedra, ao atingir o ponto de couro.






BANANA:
Esta peça foi sovada várias vezes contra a mesa, num mesmo sentido, para retirada de possíveis bolhas de ar da massa pura, até se "parecer" com uma banana realista. Detalhes finais com ajuda de uma faca.








BASE PARA A MÃO:
confeccionada com massa c/ café. Pela sua leveza e efeito craquelado.









CINZEIRO:
Confeccionado com a massa c/ pó de serra e pintado com barbotina de argila cinza, contrastando branco com laranja após a queima.






CONTAS:
As contas redondas foram feitas com as massas de café (uma parte) e massa pura (outra parte). Algumas pintadas com barbotina cinza.







3.3.3 OBJETOS EM PLACA



XÍCARAS:
Feitas em massa c/ café, em placa e finalizadas com fundo e asa (rolinho); as extremidades da placa depois de unidas foram riscadas com ajuda de agulha e coladas com barbotina da massa de origem, depois uniformizadas (superfície lisa). Receberam pintura de barbotina cinza, com a intenção de contraste de cores na mesma peça.






PLACA DA POESIA:
Feita com a paper-clay (massa c/ papel), com ajuda um rolo para massas, abrimos a mesma na régua para placas (em sala de aula), que após aberta, foi alisada com a ajuda de um cartão de plástico e umedificada com uma bucha p/ pratos, teve suas bolhas perfuradas com agulha, com a intenção de liberar o ar preso à massa, livrando a peça de possíveis danos durante a queima. Escrita feita com ajuda de um palito p/ churrasco.








FOLHA DE PARREIRA:
Massa c/ café aberta em placa (da forma supracitada), aplicada sobra a superfície, uma fina camada de barbotina massa cinza (para contraste de cores) e em seguida, aplicada uma folha de parreira natural, para impressão de sua textura na face superior da peça, que após ter sido recortada com a ajuda de uma faca em mesmo formato, foi retirada.







3.3.4 OBJETOS EM ROLINHO



PINCÉIS:
Feitos com massa c/ pó de serra, depois de "rolada" a massa até obter o formato desejado, modelei-os com a ajuda do palito de churrasco.






CIGARROS:
Modelados com massa c/ pó de serra, pintados com barbotina de argila cinza, para contraste de cores.






LUMINÁRIA:
Sobre uma bola de plástico, previamente forrada com jornal, a fim da massa não grudar na superfície da bola, Rolinhos de massa pura foram aplicados sobre a estrutura aleatoriamente e emendados uns aos outros pelas extremidades, após serem riscados, com barbotina da massa de origem. Foram alisados, e quando atingiram ponto de couro, esculpidos com ferramentas para massa biscuit. Subtraídos até atingiram a forma desejada. Após este processo, teve a base (bola) retirada.







3.3.5 TENTATIVAS:



LUSTRE:
Existiu uma tentativa anterior de construir o lustre, que não teve sucesso porque a aplicação da massa foi diretamente sobre a bola de plástico, então à medida que a massa ia secando e naturalmente perdendo volume, por estar grudada na bola e esta não diminuir gradualmente com a massa (pela pressão atmosférica interna), a estrutura fragmentou-se em diversos pontos.
O problema foi solucionado forrando a bola antes de aplicar a massa, com folhas de jornal e fita crepe, e na medida em que a massa secava, diminuindo de tamanho gradualmente, furamos a bola para que diminuísse um pouco o seu volume (a fim de não comprometer a estrutura da peça), mas sem retirá-la de dentro da estrutura do lustre (manobra que ocorreu um pouco antes da queima da peça). Fora isso, o diâmetro dos rolinhos foi maior que os da peça anterior, já que as figuras aparentes no lustre, foram alcançadas através da subtração do barro.






MÃO:
A mão foi feita a partir de uma fôrma de gesso, confeccionada em classe, e a primeira tentativa denunciou vários pontos de prisão da massa na forma, fora isso, a massa inicialmente usada foi a misturada com café, que durante a secagem, apresentou várias fissuras na superfície, inabilitando a peça de ser,tanto retirada adequadamente da forma, quanto de representar a textura ideal para esta peça.

O problema foi solucionado alargando a abertura da fôrma raspando-a com uma faca, eliminando as possíveis prisões, mas sem danificar o potencial de reprodução de uma mão, da fôrma de gesso e, mudando a massa (foi usada a massa pura, cinza) para uma maior plasticidade no acabamento final da peça. Confeccionei duas mãos, uma mais fina, com uma camada de massa menos espessa, e outra com maior quantidade de massa.






MAÇÃS:
duas maçãs foram confeccionadas com massa diferentes a título de experiência, para perceber a diferença entre as texturas dos objetos produzidos. Uma com pó de serra e posteriormente polida com pedra, e a outra com café, que ganhou uma aparência de envelhecida, após a queima.







4. CONCLUSÃO:

Esta atividade, apesar de desafiadora, foi bastante prazerosa, visto que o contato com o barro, em todos os procedimentos supracitados, foi bastante gratificante, despertado em nós a sensação de já conhecer este ofício desde sempre, mesmo sendo a primeira vez do um contato mais ostensivo (com proposta de preparação e produção de peça, sujeitos ao tempo e à avaliação da disciplina).

Desafiadora primeiramente pela necessidade de se ter uma idéia para construir; e em seguida, ter técnica e conhecimentos sobre o material trabalhado para executar a idéia satisfatoriamente. Principalmente esta última questão, foi resolvida com a excelente orientação da professora Sarah Allelujah, que nos orientou e interferiu em momentos estratégicos da produção de cada item, além da queima das peças, que só foi possível graças a ela.







5. REFERÊNCIAS:

SCHILLER, in: Angústia da concisão, Abrahão Costa Andrade, coleção Ensaios Transversais. Ed. Escrituras, São Paulo. 2003

Fotos:
Carol Dávila
Tony
Eduardo
Sarah Hallelujah
Morgana Dávila